quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre o atentado terrorista na Grécia

Após bombas, Grécia suspende correio internacional aéreo (BBC Brasil, 03.10.2010)

Zizek nota bem que o efeito mais impressionante da política de "guerra ao terror" foi esvaziar toda a movimentação anti-globalização que agitava a europa e os EUA até o ano 2000. Não é espantoso, se assumirmos que há mesmo correlação, que quando surgem novos focos de conflito contra a atual configuração do capitalismo mundial - como é o caso grego, com todas as impopulares medidas de austeridade tomadas pelo governo e toda a reação política por parte dos movimentos sociais -, surjam também esses atentados e, com eles, a imposição da grade ideológica do anti-terrorismo. Na França, aparece uma gravação atribuída a Bin Laden vociferando contra as proibições do governo francês aos símbolos do Islã exatamente no mesmo momento em que as grandes movimentações contra a reforma previdenciária tomam as ruas. O terrorismo-antiterrorismo é o curinga ideológico do neoliberalismo-neoconservadorismo. As leis de exceção anti-terroristas - se já apontam para a falência do horizonte normativo de um "estado de direito", e se por enquanto se expressa principalmente na xenofobia e no preconceito racial contra os povos orientais - em breve transvazar-se-ão, na medida mesma em que o sistema financeiro se degringola, e aparecem novos sujeitos anticapitalistas.